terça-feira, 19 de outubro de 2010

Temos que ter paciência com as lagartas se quisermos conhecer as borboletas

Tiraram a borboleta do cásulo.
Sabe aquela história da pessoa que vê uma borboleta tentando sair do cásulo e resolve ajudar? Coitada da borboleta! Vou dar uma "mãozinha" pra ela. Facilitar as coisas. Assim ela se livra logo desse tormento!
É justamente o contrário. Infelizmente não está ajudando em nada! A borboleta tem seu próprio tempo pra sair do cásulo. Vai amadurecendo e quando finalmente está preparada, sai, esplendorosa para o seu primeiro vôo, depois de passar uma temporada reclusa. Antes disso era uma lagarta nem tão bonita assim. São fases que ela precisa passar até cumprir sua jornada. Passo-a-passo até ser essa colorida e faceira borboleta. Antecipando isso, ela chegará a ser a borboleta, mas estará um tanto fragilizada e nem sempre conseguirá chegar a este vôo, que é o seu maior objetivo. 
É borboleta? É borboleta! Mas etapas foram "puladas". Foi prematuro. Antes do tempo. Ela deixou de se preparar como deveria para o mundo. Para sua sobrevivência. Ninguém deveria ter feito isso por ela. Era uma etapa que ela deveria vivenciar.
Quantas vezes olhamos pra traz e nos sentimos um pouco essa borboleta. Como se algumas coisas tivessem sido antecipadas. Como se tivéssemos sido apresentados cedo demais a algo que ainda ia demorar pra acontecer. Deixando de lado outra etapa que precisava ser vivida naquele momento. 
E como realmente, a vida não espera, a gente segue em frente, administrando da melhor forma possível. Parece que tudo vai bem e foi superado. Mas a "roda" emperra sempre no mesmo lugar. Existe vontade, garra e dedicação mas quando chega a hora H, vem o medo, a insegurança, a falta de confiança. Algo incontrolável. É sabido tudo que deve ser feito. Qual a melhor atitude e o caminho a ser seguido, mas um "ser" maior toma conta da situação.
Ficaram estranhas lacunas. Falta um pedaço na história. A vida parece cobrar uma atitude e postura que não existe dentro de nós. Não sabemos onde buscar, de onde tirar, nem o que mudar pra nos sentirmos melhor. Tá sempre faltando alguma coisa. Como um buraco sem fundo. Que nada preeenche, ou só preenche-se apenas temporariamente.
Como se a vida lá fora corresse feito louca e a gente andasse devagar, fora do tempo. E nesse momento as metas e os planos parecem sonhos impossíveis.
É algo de dentro pra fora. É um padrão que a mente cria e segue. E quando a gente se dá conta já aconteceu tudo de novo.
Será que no fundo não há tanta força de vontade quanto a gente achava que existia? Será que não há coragem suficiente? Auto-sabotagem? A borboleta de asa deformada...
Pior. Será que é a lagarta que não consegue sair do cásulo? Está tudo preparado. Essa é a hora! Deixar de ser lagarta e cumprir o papel de borboleta! Passar para a próxima etapa. Um bom tempo de preparação, amadurecimento, mas o mundo lá fora assusta. Essa metamorfose assusta. Ficamos paralisados. Sofremos por continuarmos lagarta, mas não conseguimos dar o próximo passo para ser borboleta!
O nome disso é ansiedade. E quando ela deixa de ser um simples momento, para fazer parte do nosso cotidiano, é sinal que as coisas não vão bem.  Isso acaba gerando um grande estresse. Uma bola de neve que pode levar a depressão. Tá mais do que na hora de parar pra recomeçar.
Portanto, "temos que ter paciência com as lagartas se quisermos conhecer as borboletas" (Ruth Rocha).

2 comentários:

Luiza de Freitas Nunes disse...

Cada coisa ao seu tempo.
Tantas pessoas nos dizem e demoramos a aprender, que cada momento tem seu tempo exato de acontecer.
É como quando somos criança e queremos logo ser adulto. E quando a gente cresce, é da infância que sentimos falta!
É preciso viver cada momento, pois cada fase é um aprendizado.
É preciso ter paciência!
Texto lindissimo!

Beijão =**

P.S: Linkei o teu blog no meu =)

e.m. disse...

Olá Kátia,

É a primeira vez que visito seu blog e adorei este post. Aproveito para justificar uma "colinha" desta foto, que fiz um link com seu blog.

Um abraço,

Eder.