segunda-feira, 7 de maio de 2012

No meu não foi refresco, não!

O nosso problema parece sempre bem maior que o de qualquer outra pessoa. Ora, porque ele fere a mim! E no dos outros é sempre refresco, como diria a minha vó!! 
Bom, não estou aqui para falar dos meus problemas, gostaria, sim, de levantar algumas reflexões. Vamos a elas?
Eu nasci e cresci uma menina loirinha de olhos azuis. E daí, vcs vão me perguntar! E daí que isso, ao contrário do que é rotulado pela nossa "sociedade politicamente correta", não me abriu portas, não me trouxe privilégios e, na verdade, eu não fui poupada de nada em nome desse estereótipo. Aliás, sempre que possível isso foi usado contra mim. Por ser rotulada como "bonita" sofri inúmeros preconceitos. Quando tinha que matar o meu leão de todo dia, muitas vezes era olhada de um jeito torto: o que será que ela está fazendo aqui? Ela não precisa!
Nasci numa família de poucos recursos. Pais separados na minha infância. Fui criada pela minha avó materna. E, naquela época, não havia bolsa-família, bolsa-isso ou bolsa-aquilo. A gente levava a vida no peito. E por falar em família, apesar do meu "perfil", sou de sangue negro e imigrante. Gente que nunca teve medo da briga. E, mais do que nunca, acredito que o Homem, de verdade, é forjado como o ferro, como o aço: numa fornalha, levando marteladas; na luta. Na guerra. Agradeço pela minha formação, dentro da dificuldade, valorizando cada pequena conquista, cada passo. Estou muito pessimista com esta juventude. Sabem o preço de tudo e o valor de nada! Se apegam a cada pequena brecha pra fugir da luta! Pra ir pelo caminho mais fácil. Isso começa em casa, quando têm tudo de mão beijada e vai parar na rua, quando acham que podem tudo e não respeitam nada. Não respeitam o Outro. Não respondem pelos seus atos. 
É um outro tempo, sim. Temos que admitir que a vida muda. O jeito de criar vai se adaptando ao novo. Mas, certos valores não podem sair de moda nunca! Devem estar na essência do ser humano. Integridade. Respeito. Dignidade. Humanidade. Honestidade. Responsabilidade. Cidadania. Civilidade. Etc. Enfim, vergonha na cara!
Talvez agora eu seja odiada pelo que vou dizer, mas não acredito num país que divide sua sociedade em cotas. Que decida o quanto se tem de direito ou não. Aprendi a lutar pelo que queria. Busquei uma formação e só consegui porque quis muito. Porque as dificuldades (financeiras, educacionais, emocionais, de saúde... você as conhece) me levavam a todo momento a pensar em desistir. Não tive apoio nenhum. Muito menos de um Estado que poderia me facilitar isso ou aquilo. E foi bom!! Isso moldou o meu caráter! Me fortaleceu. Me fez guerreira e capaz de seguir em busca de qualquer coisa em que eu acredite. Acho que é um pouco disso que tá faltando hoje em dia. Você protege tanto que acaba desprotegendo. Criando uma geração de fracos. Como diria o educador Içami Tiba: Existe o SIM e o NÃO. Pais frágeis e mães hipersolícitas geram os parafusos de geléia, que espanam ao menor apertão, quando contrariados; não suportam o NÃO. Serão adultos sem senso de ética, gratidão, civilidade, recebendo mesada aos 30 anos, vendendo a casa e colocando pais em asilo.  
Lembram-se da máxima: "o importante não é dar o peixe; mas, ensinar a pescar"? A educação de hoje não apenas ensina a esperar pelo peixe como, também, que ele venha numa caixinha de "Mc Fish"! Será que é com isso que se constrói um projeto de nação? 
Como mulher, mãe, artista, pedagoga e cidadã acredito que a nossa obrigação é educar para o crescimento e não para a dependência!