sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Resgate

 Não sou o tipo que coleciona inimigos ou desafetos. Aliás, acho que nesse sentido sou muito tranquila. Sou sagitariana. Acabo dando todas as chances e até sendo meio boba, mas quando chego no meu limite... acabou! É como o cristal que se quebra! Não dá para colar os caquinhos. É melhor seguir em frente e evitar "lambuzeiras". Tem sido assim. Mas nem sempre assim. Me lembrei de duas situações onde eu decidi voltar atrás. Dar o braço a torcer e refazer um laço de afeto.
Na primeira história foi um desentendimento com uma amiga de infância. A gente era um grude desde sempre, mas por causa de fofocas tivemos uma briga feia e nunca mais nos falamos. Isso ficou engasgado aqui dentro por exatos 17 anos. Num primeiro momento morri de raiva dela mas com o passar dos anos isso só me fazia mal. Tinha sido alguém tão querida, como esse sentimento pode se transformar tanto assim? Depois de bastante tempo eu já achava aquilo tudo uma grande criancice. Coisa boba. E não sabia como, mas queria um dia ter a oportunidade de refazer essa história. E, pra minha surpresa, há alguns anos isso aconteceu. Através de uma rede social, a gente se reencontrou e começamos um papo como se nada tivesse acontecido. E realmente, pensando hoje, o que aconteceu foi muito pequeno perto do quanto a gente se gostava. E conseguimos nos reencontrar depois de uma vida! Ela veio me assistir no teatro e pudemos dar um grande abraço. Nossa, naquele momento senti um alívio indescritível. Precisava tanto disso. Lavei a alma! E valeu tanto a pena... O orgulho às vezes é tão cruel e desnecessário. 
A segunda história ainda não está finalizada, mas já dei o primeiro passo e fui correspondida. Também é uma pessoa muito querida que foi afastada de mim por uma série de mal entendidos. Nunca me conformei com esse afastamento, mas acho que tive que viver um pouco mais pra pesar o que realmente deveria fazer. E o quanto poderia deixar de lado certas mágoas. Acho que esse é o ponto. Amadurecer pra conseguir perceber se esse "engasgo" existe porque ficou algo mal resolvido que precisa ser confrontado. Foi nesse ponto que cheguei. Sabia que eram situações especiais. Exceções às minhas regras. Então, coloquei na balança todos os sentimentos envolvidos e me dei conta que não valia a pena remoer mais nada. Tudo que eu queria era uma reconciliação. Porque o sentimento mais forte, independente de todas as circunstâncias que provocaram a quebra, era o amor. E esse passa por cima de tudo! Cicatriza todas as feridas e nos coloca diante de uma escolha. Se há amor, é possível reescrever uma história deixando de lado todo o resto! Ah, o resto... O resto é silêncio.