domingo, 31 de outubro de 2010

Feminices

Já faz algum tempo que estou vivendo o dia a dia de uma dona de casa. Tenho minha ajudante, mas no geral eu acabo fazendo de tudo o dia todo. Não é fácil e dá muito trabalho. Mas tenho administrado bem. O que realmente me incomoda é perceber que essa não é uma atividade valorizada socialmente. Trabalhei por bastante tempo fora de casa e preciso admitir que nada é parecido com o trabalho em casa. É exaustivo. Mas, faz parte das coisas que precisam ser feitas. Alguém vai ter que fazer. Ano que vem o meu filhote vai pra escola por meio período e eu pretendo retomar com mais afinco a minha carreira. E, sem dúvida, terei menos tempo para o trabalho doméstico. A partir daí vai se estabelecer uma outra rotina.
Isso tudo me trouxe a uma reflexão bem complexa. 
O feminismo nos deixou de herança uma certa aversão aos trabalhos domésticos. Chique é ser intelectual; mas, lavar a louça não. Em contrapartida, por que então, ainda hoje, desde que a menina nasce é direcionada a ter filhos, casar e ser dona de casa? É só olhar nas lojas e ver que os brinquedos para meninos são bonecos, carros, aviões, jogos de ação. E para as meninas temos bonecas que choram, andam, tomam mamadeira e fazem xixi. Fogõezinhos, panelinhas, casinhas. Acho que as crianças devem aprender a brincar com todos os tipos de brinquedos para poder vivenciar todos os tipos de personagens. E quando adultos, homens e mulheres devem saber cozinhar, limpar a casa e cuidar dos filhos como parte do seu cotidiano. O homem pode e deve contribuir, mas porque a maioria não o faz, e acredita ser obrigação das mulheres?
Como nem sempre é possível pagar uma empregada, isso coloca a mulher numa situação difícil. Ela quer ir à luta em busca da sua realização profissional mas, pra isso, paga o alto preço de uma jornada tripla de trabalho. E, nos casos em que ela opta por ficar em casa e cuidar de tudo bem de perto, não é reconhecida por isso (e eu não estou falando necessariamente do marido, hein!). É considerado um trabalho menor. Tenho amigas que escolheram ficar em casa, gostam disso, fazem com todo amor. Querem ser mães e donas de casa. Só. Só? Parece brincadeira, não é? A responsabilidade é imensa. Até mesmo pra mandar alguém fazer, você precisa saber fazer, saber cobrar. E por que hoje em dia a mulher que faz essa escolha é tão mal vista? As que gostam desse tipo de tarefa nem comentam, para não parecerem "Amélias". Não pega bem!
Eu quero poder escolher. E não ser julgada por isso! Ir em busca de um trabalho fora de casa por opção e não por obrigação. Se tiver um marido que ajude, ótimo! Fica mais fácil. Se não for possível recorremos então às nossas colegas de trabalho. Mas se eu decidir, com consciência, que não quero outra coisa pra minha vida, por favor, me permitam!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Porque metade de mim é amor

Metade (Oswaldo Montenegro)

E que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe

Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
E a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo

Não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimento
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora

Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
E a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste

Que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
E a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria

Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta

Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada

Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Temos que ter paciência com as lagartas se quisermos conhecer as borboletas

Tiraram a borboleta do cásulo.
Sabe aquela história da pessoa que vê uma borboleta tentando sair do cásulo e resolve ajudar? Coitada da borboleta! Vou dar uma "mãozinha" pra ela. Facilitar as coisas. Assim ela se livra logo desse tormento!
É justamente o contrário. Infelizmente não está ajudando em nada! A borboleta tem seu próprio tempo pra sair do cásulo. Vai amadurecendo e quando finalmente está preparada, sai, esplendorosa para o seu primeiro vôo, depois de passar uma temporada reclusa. Antes disso era uma lagarta nem tão bonita assim. São fases que ela precisa passar até cumprir sua jornada. Passo-a-passo até ser essa colorida e faceira borboleta. Antecipando isso, ela chegará a ser a borboleta, mas estará um tanto fragilizada e nem sempre conseguirá chegar a este vôo, que é o seu maior objetivo. 
É borboleta? É borboleta! Mas etapas foram "puladas". Foi prematuro. Antes do tempo. Ela deixou de se preparar como deveria para o mundo. Para sua sobrevivência. Ninguém deveria ter feito isso por ela. Era uma etapa que ela deveria vivenciar.
Quantas vezes olhamos pra traz e nos sentimos um pouco essa borboleta. Como se algumas coisas tivessem sido antecipadas. Como se tivéssemos sido apresentados cedo demais a algo que ainda ia demorar pra acontecer. Deixando de lado outra etapa que precisava ser vivida naquele momento. 
E como realmente, a vida não espera, a gente segue em frente, administrando da melhor forma possível. Parece que tudo vai bem e foi superado. Mas a "roda" emperra sempre no mesmo lugar. Existe vontade, garra e dedicação mas quando chega a hora H, vem o medo, a insegurança, a falta de confiança. Algo incontrolável. É sabido tudo que deve ser feito. Qual a melhor atitude e o caminho a ser seguido, mas um "ser" maior toma conta da situação.
Ficaram estranhas lacunas. Falta um pedaço na história. A vida parece cobrar uma atitude e postura que não existe dentro de nós. Não sabemos onde buscar, de onde tirar, nem o que mudar pra nos sentirmos melhor. Tá sempre faltando alguma coisa. Como um buraco sem fundo. Que nada preeenche, ou só preenche-se apenas temporariamente.
Como se a vida lá fora corresse feito louca e a gente andasse devagar, fora do tempo. E nesse momento as metas e os planos parecem sonhos impossíveis.
É algo de dentro pra fora. É um padrão que a mente cria e segue. E quando a gente se dá conta já aconteceu tudo de novo.
Será que no fundo não há tanta força de vontade quanto a gente achava que existia? Será que não há coragem suficiente? Auto-sabotagem? A borboleta de asa deformada...
Pior. Será que é a lagarta que não consegue sair do cásulo? Está tudo preparado. Essa é a hora! Deixar de ser lagarta e cumprir o papel de borboleta! Passar para a próxima etapa. Um bom tempo de preparação, amadurecimento, mas o mundo lá fora assusta. Essa metamorfose assusta. Ficamos paralisados. Sofremos por continuarmos lagarta, mas não conseguimos dar o próximo passo para ser borboleta!
O nome disso é ansiedade. E quando ela deixa de ser um simples momento, para fazer parte do nosso cotidiano, é sinal que as coisas não vão bem.  Isso acaba gerando um grande estresse. Uma bola de neve que pode levar a depressão. Tá mais do que na hora de parar pra recomeçar.
Portanto, "temos que ter paciência com as lagartas se quisermos conhecer as borboletas" (Ruth Rocha).

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O tempo e o vento


No último sábado fui ao casamento da minha prima Karen. 
Preciso registrar que foi um dia bastante especial. Fazia tempo que não encontrava boa parte daquele povo todo. Sei lá, fomos tomando outros rumos. Tinha a impressão que encontrava sempre com todo mundo quando era menor. Será que era só impressão? Foi pouco tempo pra conversar de verdade com todos. Mas deu pra matar um tiquinho da saudade. Nem que tenha sido só aquele papinho mais superficial. Além da família "clássica": avó, tios e primos encontrei os parentes da minha prima. Os meus parentes por afinidade. São pessoas que me conhecem desde sempre, mas que depois de uma certa época não vi mais com tanta frequência. Mas cada um tem a sua importância na minha "historinha". Tão gostoso isso!
Puxa, a Karen casou! Eu também casei, tá certo! Mas a Karen era aquela prima com quem eu planejei morar junto quando a gente crescesse!! É, acho que a gente esqueceu!! rsrs 
A Karen tem quase a minha idade. Ela é do "grupo" das minhas primas K (Kelma, Karen, Keila e Karoline). São irmãs!!
Eu encontrava minhas primas todo "santo" sábado. Todas na casa da vó Rosa até de noite. Foi assim durante toda nossa infância e boa parte da adolescência. Isso foi tão importante pra mim. Nossas brincadeiras na rua (bandeirinha, esconde-esconde, beijo-braço-aperto de mão), as idas na pracinha (subir em árvore, explorar cada cantinho e brincar de garotas perdidas). Ah, e pra brincar dentro de casa inventamos uma brincadeira que era uma espécie de esconde-esconde no escuro. Chamavamos de "me perdoe esses tapas na cara". Nome inspirado numa música do Cazuza que ouvimos a Ângela Maria cantando (Tapa na Cara). Olha a criatividade!!! 
Bom, tinha também as coleções de figurinhas e papéis de cartas, os escritórios e restaurantes com comidas feitas de plantas de todo tipo. Os festivais de músicas e performances. O clubinho, onde participavam também minhas amigas da vizinhança. Era diversão garantida sempre!  
Achei outro dia um livro que escrevemos juntas. Tinha até ilustração! Tinha também uma brincadeira que fazíamos dentro do carro do meu tio. Essa era de terror! Chamava "Demons". Garotas perdidas numa cidade fantasma. Era o máximo. O maior suspense!
Foi sem dúvida nenhuma das fases mais ricas da minha vida. São histórias e mais histórias. Como era bom! Lembro com muito carinho e nostalgia. Nos tornamos mulheres maravilhosas, mas éramos crianças sensacionais!!!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dia da minha criança


Eu não quero que, para o meu filho, o dia das crianças seja essa loucura que a gente vê por aí. Consumismo puro e simples.  Vai ser sim, mais um dia para que a gente possa comemorar a presença dele nas nossas vidas, mas não necessariamente motivo para quilos de presentes. Vejo cada coisa por aí... E eles acabavam não valorizando nada.

Sinceramente não quero que ele cresça pensando na quantidade de presentes qua vai ganhar. Quando penso num presente pra ele levo em consideração a qualidade. E isso não quer dizer preço. Prefiro os brinquedos que instiguem a imaginação dele. De preferência os mais artesanais. 

É impressionante como a tecnologia, infelizmente, deixou de lado os brinquedos mais simples. A bola, os carrinhos sem controle remoto, os jogos de tabuleiro. Quem disse que isso não é legal. Hoje tudo é videogame, boneca que fala, anda e faz cocô. Que pena!

Temos que acompanhar a evolução das novas gerações, sim! Mas por que não valorizar também o quebra-cabeças, a casinha de bonecas ou... ensinar uma brincadeira?!

domingo, 10 de outubro de 2010

O que você faz quando ninguém vê?

Diz sinceramente.
Porque sabemos que quando estamos sozinhos tudo é diferente. 
Não é?
Acho que nisso ninguém é diferente. Quando estamos sozinhos mesmo, sem qualquer persona... livres de qualquer julgamento, tudo vem à tona!
Falamos com o cachorro, com as plantas. Dançamos feito loucos. Umas coreografias malucas para o espelho. Mudamos de voz pra cantar aquelas canções mais esdrúxulas. Qualquer pessoa que estivesse por perto te internaria. Ouvimos 550 vezes a mesma música. 
Há quem tire caca do nariz!!! rsrs Toque aquela guitarra imaginária. Roa as unhas. Cante com o shampoo-microfone. 
Que atire a primeira pedra quem não tem suas esquisitices. Quando os olhos das pessoas que nos conhecem não estão por perto, temos as mais controversas atitudes e pensamentos.
Diga lá qual é a sua!!!!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Urbano Alternativo








Gostaria de divulgar pra vocês o blog do meu amigo Eduardo Archanjo,  Urbano Alternativo, uma viagem pelos cantinhos alternativos de SP!
Dêem uma olhada. Vale a pena!

Diz o site: Como ser um turista em sua própria cidade? Morar em SP nem sempre quer dizer que conhecemos essa imensa cidade. Basta pintar um feriadinho que logo o paulista arruma suas malas e parte para uma viagem, mas será que o paulista já viajou para a própria SP? Imagem a quantidade de pessoas que vivem no interior, outros Estados e até mesmo Países e que gostariam de viajar para SP e conhecer as peculiaridades dessa Mega Metrópole que nunca dorme; um privilégio que milhões de paulistas tão pertinho de si e não fazem a menor questão.
Mas como conhecer e descobrir uma cidade tão imensa e cheia de diversidades como São Paulo? Minha recomendação é muito simples: deixe o carro de lado e ande muito! Uma roupa casual e uma mochila são essenciais.
Mas por onde começar? Neste caso algumas dicas são sempre imprescindíveis e por isso o URBANO ALTERNATIVO vai trazer para você alguns lugares recomendados para quem quiser conhecer um pouquinho mais e se divertir como um verdadeiro turista em São Paulo.
Bom divertimento!