terça-feira, 31 de agosto de 2010


mensagem escrita em 07/04/2009

Hoje parei pra pensar numa situação no mínimo intrigante: a vida e a morte tão próximas de mim. 
Estou grávida de 38 semanas e espero ansiosamente pela chegada do meu primeiro filho. O que deve acontecer a qualquer momento, literalmente. E ontem perdi uma grande amiga. É claro que nem mesmo a morte vai apagar tudo que compartilhamos, o que sentimos uma pela outra, mas a presença, essa se foi. 

Situações tão diversas e ambas estão aqui dentro de mim. A expectativa pela chegada e a dor pela partida. O ser humano é mesmo muito complexo. Como podem dois sentimentos tão antagônicos dividirem o mesmo espaço num mesmo momento? A chegada é repleta de novidades e tanta alegria. Já a partida é tão doída...

Sei mais do que ninguém que tudo que a minha amiga tão querida gostaria agora é que eu estivesse celebrando a vida e que lembrasse dela só com alegria, mas é inevitável. O mais engraçado é que muitas vezes conversamos, discutimos sobre a morte e o que ela significava pra gente. Parecia tudo tão bem resolvido mas na pratica é diferente. 
Quem me deixou não foi uma pessoa qualquer. Quando nos conhecemos sentimos que aquela era uma amizade que vinha de longe. Cheia de nuances que só a gente mesmo era capaz de entender. Eram tantas afinidades. Histórias de vida tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. 
Compartilhamos tanto. Era uma amizade intensa daquelas em que a gente sentia quando uma precisava da outra. O telefone tocava e era ela! E no entanto, nessa fase tão esperada da minha vida, o meu filho, a gente esteve distante. Não sei explicar o por que. Ela já estava doente. Fui visitá-la. Depois disso trocamos no máximo 2 telefonemas. Ela não acompanhou a minha gravidez. Se quer falamos sobre isso. Estranho, não. 
A ligação sempre foi tão forte e, de repente, ela se foi sem nem conversamos mais... isso mexe comigo. Apesar de saber que o que existia entre nós não precisava nem dependia da proximidade constante, sinto demais por ter perdido a oportunidade de vivenciar esse momento com ela ao meu lado. 

Bom, mas uma amizade como a nossa não termina assim. Eu tenho certeza. Ainda vamos dar boas risadas de tudo isso.